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quinta-feira, 6 de março de 2014

Para alguém que se foi...

Acho que nosso crime já transcreveu e por isso não vejo problema algum em falar sobre ele. Talvez eu devesse ter motivos, mas depois de tanto tempo não acho que tenha motivos para guardar nada, especialmente depois de ter superado. Pode parecer que não, afinal estou escrevendo sobre isso, mas na realidade eu acho que eu precisava deixar claro para você tudo o que ocorreu e também tudo o veio depois. Não que eu te deva alguma explicação, a gente nunca deve explicação a ninguém e você mesmo não me deu explicação alguma naquela noite em que você veio até a minha porta e sem olhar para minha cara, me devolveu todas as coisas que eu tinha te emprestado ou te dado. Eu sei, parece rancoroso guardar com tamanha minucia cada um desses momentos e qualquer um que leia esse texto deve pensar que eu ainda morro de amores por você, mas a verdade é que guardar memórias e transformá-las em textos depois é um das formas que eu tenho para conseguir exorcizar meus demônios.

Estou escrevendo, pois recentemente me aconteceu uma situação uma pouco parecida apesar de que dessa vez ninguém quis ir embora, ou me deixou sozinho no portão. Dessa vez fui eu quem resolveu se afastar. Não sei, acho que você me fez ficar um pouco covarde. Estive lembrando aquela noite em que assistíamos as The Runaways, e das semanas seguintes, logo depois daquele carnaval em que você me cortou completamente por dentro. Lembro-me das longas semanas em que “Love Is Pain” era a única coisa que eu sabia ouvir ou cantar e daquela canção triste que eu escrevi depois de tudo. Inclusive, venho te informar que tenho trabalhado em um EP e sinto muito, mas ele fala muito de você e logo todo mundo vai poder ouvir aquelas musicas que eu escrevi enquanto você me fazia amargar.

Da ultima vez que nos encontramos você queria que eu fosse amigável, mas eu nunca conseguiria ser amigo de alguém com um caráter tão duvidoso quanto o seu. Eu também tenho trabalhado em um documentário, mas não sei quanto tempo ele e o EP vão demorar em ficarem prontos, mas de certo modo acho que tanto o EP quanto o documentário ficarão prontos no momento em que for para ser. Eu continuo seguindo o meu ideal de só fazer as coisas quando tenho paixão e agora estou envolvido com essa ideia. Eu também tenho uma agenda nova, comecei a registrar meus novos dias, eles não são mais gloriosos como os dias de antes, mas tenho que admitir que eu atualmente ande saindo mais e que de certa forma isso tem me rendido bons momentos.

O documentário não é sobre você, ele é sobre mim. Talvez eu te cite em algum momento. Na realidade, o documentário não é sobre mim, mas sobre todos nós. Ele é sobre uma ideia que vem me acompanhando desde que esse angustiante caminho começou. Eu diria que é um documentário sobre a dor de crescer. Mas também não é apenas sobre isso. Acho que é sobre a jornada. E nós ainda temos muito pela frente.

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